quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Pela Leba até ao Namibe

Depois de uma noite mal dormida pelo motivo abaixo mencionado, pusemo-nos a caminho. Fui praticando a EFT (Emotional Freedom Technique), a terapia que aprendi para me livrar do pavor das estradas de montanha, e dizendo a mim mesma que a estrada era muito boa, uma maravilha da engenharia e que tudo ia correr bem. Pagamos a portagem e começamos a descer. Imediatamente o meu pior pesadelo foi confirmado: acidente na Leba! Não connosco, mas o resultado estava lá, bem visível, para elevar os meus níveis de stress. Havia uma carrinha encarrapitada na barreira metálica de protecção e um camião cisterna virado. Era possível passar, mas a estrada estava alagada de gasóleo. O espaço livre era estreito, entre o camião e o precipício - contive a respiração, encolhi-me o mais possível como se isso tornasse o carro mais estreito, obriguei o Mike a experimentar os travões pelo menos umas 500 vezes, decretei um limite de velocidade de 10km/h e lá fomos descendo a serra, eu sempre com o pé pisando a fundo num travão imaginário! De quando em vez, camiões atrelados enormes ultrapassavam-nos a velocidades loucas, não abrandando nem sequer nas curvas. Várias vezes tive vontade de me apear e descer o resto a pé, mas contive-me por saber que mesmo a pé o pânico não me abandonaria - e duraria muito mais tempo!
Quando chegamos lá abaixo o alívio foi tão grande, que o meu corpo ficou todo molinho que nem caramelo derretido!
Aos poucos a paisagem foi mudando, as árvores rareando, os arbustos transformando-se em plantas rasteiras que por sua vez desapareceram para dar lugar ao deserto e finalmente entramos na cidade do Namibe. A dar-nos as boas-vindas, o poster do Kostadin.
O Namibe mostra muito poucas cicatrizes da guerra, em vez disso tem sinais de nada ter sido feito durante muitos anos. No entanto, gostei muito do facto de nada ter sido destruído e muitos edifícios estarem a ser restaurados. Há exemplos lindos de arte deco recentemente reparados e pintados.
Ficamos alojados no Hotel Moçamedes que infelizmente não tinha wi-fi, mas resolvemos o problema postando-nos no exterior do Chik Chik e "partilhando" a internet deles. Jantamos na marginal, onde tivemos a oportunidade de ver um lindo por do sol.
No dia seguinte fomos à procura do oasis do Arco - digo à procura pois no deserto é difícil seguir estradas não asfaltadas, tudo parece igual! Felizmente não nos perdemos. A lagoa está seca há 2 anos, segundo a senhora que nos serviu de guia, mas o lugar é muito bonito. Deixamos livros e lápis de cor, gasosas e caramelos para os garotos e voltamos à estrada principal rumo a Tombua, vila dedicada à pesca e conserva de peixe, que eu não conhecia. Voltamos ao Namibe, onde fui deixar 3 flores a uma amiga muito querida, que nos deixou mas não será esquecida.
No dia seguinte fomos passear até à praia Amélia e depois metemo-nos a caminho de Benguela. Pelo menos desta vez não houve precalços na Leba e como era a subir, o stress foi muito menor.

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