Rumamos ao Sumbe, passando pelo desfiladeiro do rio Cubal, que continua impressionante. Tenho fotos tiradas lá há uns 40 anos - o desfiladeiro não envelheceu, não se nota a passagem do tempo, mas infelizmente o mesmo não se pode dizer em relação a mim!
Almoçamos no Sumbe, na marginal, mas como queríamos ir dormir à Gabela, não perdemos tempo. Tínhamos deixado o restaurante quando notamos que éramos seguidos por uma moto e o passageiro fazia sinal para pararmos. "A pasta! A pasta!" Qual pasta? - perguntei. O Mike, recordando a experiência de Cuba, não queria parar, mas lá o convenci a voltar para trás e descobrimos, no restaurante, que ele tinha deixado ficar a mochila com os dólares todos lá dentro! Ninguém tinha tocado em nada, e lá recuperamos a mochila intacta.
A caminho da Gabela paramos nas cachoeiras do Binga. Pensei que estariam sem água, mas tal não foi o caso - estavam cheias e belas! Tiramos fotos do miradouro e descemos à praia. Depois fomos à ponte nova e à antiga também. Só nessa noite, ao lermos o nosso guia, descobrimos a seguinte passagem: "Não ir ao miradouro depois da ponte, pois ainda está minado!" Pessoalmente, acho que desde que o livro foi escrito, muitos progressos têem sido feitos na desminagem (aqui o Mike contesta que é em grande parte graças à contribuição dele), já que nós fomos e ainda aqui estamos para contar a história!
A região da Gabela é muito bonita, a vegetação é abundante, tipo floresta de altitude, ou como os Peruanos chamam, "floresta das nuvens", e o verde contrasta de forma impressionante com o vermelho da terra. Infelizmente as ruas da Gabela estão a ser modernizadas e a poeira resultante também é impressionante, mas claro que isto é um aborrecimento de curta duração - quando as obras estiverem prontas, tudo será muito melhor! Na Gabela ficamos na única pensão e comemos no único restaurante.
No dia seguinte partimos em direcção à Conda. Pensei que desta vez é que ia perder o companheiro de viagem - pedregulhos enormes apareciam por todo o lado, todos possíveis de escalar. Paramos na pousada do Engelo e o Mike queria ficar por lá uns 2 dias - tive de explicar que se ficasse, ficava sózinho! Eu não faço escalada e sem internet o lugar não tinha atracção nenhuma!
Paramos na fazenda Rio Uiri, onde fomos muito bem recebidos e onde nos ofereceram um delicioso café e através deles o Mike descobriu que um dos pedregulhos já tinha sido escalado por um francês (imediatamente pediu nome e contacto).
Paramos em Vila Nova de Seles uns minutos e depois seguimos rumo ao Sumbe. Só que...na fazenda tinham-nos falado dos hipopótamos do Ebo! Fomos a ruminar até ao Sumbe, procuramos hotel e durante o jantar decidimos que no dia seguinte íamos de novo rumo à Gabela e além, procurar os tais hipos.
O Ebo fica entre a Gabela, a Quibala e o Wako Kungo. Passamos a Gabela e metemos por uma picada por 25km. O problema foi que, chegados ao Ebo, ninguém sabia onde estavam os hipopótamos!! Mas como? Afinal de contas, os bichinhos não passam despercebidos, nem se podem esconder atrás de alguma moita! Disseram para perguntar na Administração. Mas havia reunião de gente importante nesse dia e ninguém queria perder tempo connosco ou com os hipos. Depois de muitas turras contra muitas paredes desistimos e metemo-nos na picada, para mais 25km. A meio do caminho deparamos com uma senhora que, com o bebé às costas, ia a caminho da estrada principal, para apanhar o candongueiro para a Gabela. Demos boleia e contou-nos que está a educar 7 filhos sózinha (o pai deles anda entretido com outras mulheres) e que o mais velho quer estudar arqueologia no estrangeiro (ela não faz ideia com que dinheiro). Por ela descobrimos que bastava ter andado mais meia dúzia de kms e dado uma garrafa de vinho ao soba, para vermos os ditos hipopótamos! Decepção não ilustra nem de longe o que sentimos!
Nessa noite dormimos na Casa Branca em Porto Amboim.