quarta-feira, 30 de abril de 2008

Nao se passa por Angola

Este texto foi-me enviado pela minha melhor amiga em Angola, e gostei tanto que nao quiz deixa-lo nos comentarios, e por isso colei-o aqui.

Não se "passa por" Angola
É uma relação de amor/ódio, é uma contradição de sentimentos, ora se ama loucamente até às lágrimas ora se odeia brutalmente até tingir o rosto de roxo.Este país não é um país qualquer... não se passa por Angola, não se é indiferente, não se encolhem ombros ao descrever Luanda...aqui vive-se intensamente cada dia.Ninguém por aqui passou que por cá não tenha ficado, ou algo deixado por recantos e momentos guardados em cofres trancados a sete chaves.Quantas vezes não me cruzo com histórias de memórias, de há 20 ou 30 anos, de pessoas que nunca mais viveram o seu presente sem a angústia de um passado que não passou.Quantas vezes me cruzo com os filhos estudantes em terras além fronteiras que se fixam em pequenos grupos, como que a garantirem que não perdem as suas origens, chorando juntos numa kizomba agitada, as saudades da sua terra.Não se passa por Angola.Passei por Nova York, Milão, Londres...adorei Paris, Veneza, Cape Town, diverti-me em Los Angeles e comi optimamente na Baía. Tenho histórias e álbuns, momentos e contos, que conto e reconto em noites de tertúlia. Passei por lá.Mas não se passa por Angola.As marcas cravadas em rugas de sol no corpo, as mãos envelhecidas de calor e mar, os olhos que vagueiam em busca da esperança do amanhã que chega e parte com uma velocidade ímpar.A corrida contra o tempo, que teima em passar tão depressa!Ainda ontem havia guerra!Não podíamos viajar! Um agora que já é amanhã, de camiões a circular sem parar, de navios à espera no mar, uma baía salpicada de pirâmides contentores!Não sei se quero andar em frente ou voltar para trás, se admiro um arranha céus ou se me lembro de uma praia deserta, se grito no trânsito ou se admiro o desenvolvimento.Se reclamo as rendas ou se compro um apartamento...não sei se sorrio ou se choro nesta bolha em que vivemos, mas sei, com toda a certeza, que cá estou e ficarei, para o melhor e para o pior, até que a morte nos separe...
Paula Oliveira

1 comentário:

asperezas disse...

é...

assolapada...

:-)

My new "baby"

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